Olá meus queridos leitores
Hoje a dica cultural é muito especial!
Um filme que nos mostra que a arte, o amor e uma forma mais humanizada de tratamento podem ajudar na terapia ou até mesmo cura.
Hoje a dica cultural é muito especial!
Um filme que nos mostra que a arte, o amor e uma forma mais humanizada de tratamento podem ajudar na terapia ou até mesmo cura.
O filme “Nise: O coração da loucura”, dirigido por Roberto Berliner e estrelado por Glória Pires, em uma atuação emocionante, conta a história da psiquiatra alagoana Nise da Silveira (1905-1999), que inovou o tratamento oferecido para as pessoas com problemas mentais e, em especial, para aquelas com esquizofrenia. Ela propôs e aplicou formas alternativas de cuidados, com base na arte, no afeto e no convívio com animais em substituição a métodos agressivos e comparáveis à tortura.
Nascida em Alagoas, em 05 de fevereiro de 1905, Nise da Silveira foi uma das mais importantes psiquiatras no Brasil. Formou-se em 1926 na faculdade de Medicina da Bahia, onde era a única mulher em uma turma de 157 alunos.
No filme, a história de Nise e de seus pacientes, começa a ser contada no ano de 1944 quando ela retorna ao trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Dom Pedro II, localizado no bairro Engenho de Dentro, na cidade do Rio de Janeiro (Nise era servidora pública na época em que foi presa). A instituição já foi considerada um dos maiores hospícios do Brasil e é onde atualmente funciona o Instituto Nise da Silveira. Em 1934 (estado novo) Nise foi acusada de envolvimento com o comunismo e ficou presa por 15 meses no presídio Frei Caneca, depois viveu na clandestinidade por oito anos.
Depois deste período afastada da medicina, ela retornou ao serviço público. Ao chegar em seu novo local de trabalho, o Centro Psiquiátrico Dom Pedro II, Nise se recusou a adotar o “tratamento” até então dispensado aos pacientes portadores de sofrimento mental, que se baseava em métodos violentos, como agressões físicas, eletrochoque ou lobotomia. Em razão da recusa, a médica foi designada a ficar responsável pelo setor de Terapia Ocupacional do Hospital, até então considerado um setor de menor relevância e que na prática não funcionava.
Porém, isso não a impediu de organizar o lugar e convidar os pacientes, ou melhor, seus “clientes”, para ocuparem o novo espaço. Inicialmente receosos, eles chegaram aos poucos e começaram a perceber a diferença em relação ao restante da instituição. Ali encontraram tinta, papel, lápis, telas, respeito, ternura e liberdade para se expressarem. Nise, influenciada pelos ensinamentos do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, defendia a tese de que os esquizofrênicos faziam uso da linguagem simbólica, por meio da arte, para se expressarem.
A luta de Nise da Silveira, que se iniciou na época da faculdade e se fortaleceu na década de 40 e nos anos posteriores, ganhou corpo em 1987, ano em que nasceu o Movimento da Luta Antimanicomial, durante o Encontro Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental, na cidade de Baurú (SP). O objetivo deste movimento foi a desoshospitalização dos pacientes com sofrimento mental. O movimento denunciava os abusos e violação de direitos humanos sofridos pelos usuários da saúde mental dentro dos manicômios, essas pessoas muitas vezes passavam por métodos violentos de “tratamento”, como agressões físicas, eletrochoque ou lobotomia.
Uma das conquistas do movimento foi a criação da Lei 10.216/2001, que determinou o fechamento progressivo dos hospitais psiquiátricos e a instalação de serviços substitutivos. Desde então, o Brasil tem fechado leitos psiquiátricos no Sistema Único de Saúde (SUS) e abriu serviços substitutivos: como os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), as Residências Terapêuticas, Programas de Redução de Danos, Centros de Convivências, as Oficinas de Geração de Renda, dentre outros.
Vale muito a pena conhecer a história de Nise da Silveira, de seus “clientes” e da luta antimanicomial e se deixar emocionar por esse filme tão tocante.
créditos by vander veroni blogsaúdemg - por vivian campos
“Não se cura além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas”. (Nise da Silveira)
Super beijo
Andreia Brisola